sábado, 24 de outubro de 2009

Ponte de Lima em 3D



Vejam Ponte de Lima em 3D.

O projecto consiste na modelação 3D e apresentação sobre diversos formatos da Vila de Ponte de Lima, na sua versão actual no início do século XXI, e numa possível reconstrução virtual da muralha construída no século XIV.http://www.di.uminho.pt/pl3d/index.html

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

30-10-2009

Encontro ás 19.30h no parque de estacionamento da... Bracalândia... ( para nós é sempre Bracalândia... )


domingo, 18 de outubro de 2009

Cool inventions


Algumas invenções muito originais... algumas bastante úteis !!! vejam todas aqui cool-inventions

Carlos

the mom song

Tudo o que uma mãe diz em 24 horas, ao som de “William Tell Overature”Carlos


sábado, 17 de outubro de 2009

Adam Sandoval

Não sei o que admirar mais : a habilidade das mãos ou as mãos intactas depois do trabalho...

A Rota do Visconde



Último sábado de Setembro. Um dia para reflexão sobre o voto e o dever cívico de, no dia seguinte, o cidadão eleitor marcar presença nas urnas e exercer livremente o direito de votar. Acordava a manhã em Braga e o autocarro dava início à sua marcha: era o convívio da Confraria do Visconde e respectivas damas. Cumpria-se assim o signo do que antes uns dias fora estabelecido em franca e aberta reunião de confrades.

Lá à frente, o confrade Júlio, dava-se ao trabalho de recordar o itinerário e dar boa nota das localidades que nos ficavam na rota, não se coibindo de fazer campanha... desta vez aceitável, aos bons pratos gastronómicos de Figueira de Castelo Rodrigo e, com ela, a lembrar a ementa para o almoço que nos estava reservado e que era de fazer água na boca.

A conversa continuava, o riso espalhava-se pelo interior do autocarro, as palavras marcavam o ritmo à vida e a paisagem, lanço a lanço, ia ficando para trás com o Júlio a informar que já estávamos perto de Viseu. E era verdade! Não obstante faltarem ainda oitenta quilómetros para lá chegar.

Entretanto, a curiosidade levou-me a atirar um olhar de esguelha para o jornal aberto nas mãos do confrade Adolfo que ali esmiuçava as páginas chatas de um suplemento financeiro (não fosse este um ilustre profissional de finanças) em que eu, incorrigível cusca, pude ler, em letras garrafais, o seguinte título «Nos próximos vinte anos Portugal terá as reformas mais baixas da Europa ocidental» Que se lixe... nada de comentários, o dia era para reflexão e a campanha eleitoral terminara na véspera.

O autocarro ia engolindo a estrada ao largo de Mangualde, terra do escultor e mestre Jorge Ulisses, amigo de outras tertúlias, e o Artur Carvalho, lá mais à frente, a sugerir paragem para um mata-bicho e a descarga de um xixi. Sim senhor, muito bem lembrado, nem que fosse para desentorpecer as pernas e espalhar uma leve sonolência.

Finalmente todos os olhares se estenderam ao longo do fantástico e mágico planalto de Figueira de Castelo Rodrigo até aos confins do Douro que liga os dois países irmãos por entre o fraguedo ibérico. Ó, meu deus, como Portugal é bonito! Como a nossa terra tem tanto encanto e tanta beleza!

Depois a simpatia da jovem Telma Russo a falar-nos da história das ruínas do Castelo, das batalhas ali travadas, dos amores, das paixões e das traições então vividas, e eu a roer as unhas até ao sabugo e a lembrar-me das eleições livres que por voto secreto haviam de eleger quem governar o nosso país. Nem tanto, neste reduto, me passava pela cabeça o menu que no restaurante nos esperava: Cordeiro assado no forno.

Já no final, no último travo do licor, e respondendo à pomposa pergunta do nosso digníssimo Grão-mestre, Victor Magalhães, respondia-se: Que delícia!
Iniciou-se, então, a rota do visconde. E, de súbito, a festa, os cantares na praça, aquela esplêndida praça, e as vozes a darem corpo ao cancioneiro popular, a gargalhada e invadir a serenidade e a pacatez da vila. Depois, a admirável capacidade de mostrar que somos um povo alegre. E outra vez o Júlio a presentear os confrades com a beleza da terra onde nasceu, a maravilha da paisagem, nós a gozar do panorama que nos caía aos pés. E rota do visconde ia ao fim com aquela singular frase de quem deseja mais: até à próxima.





Carlos

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mais um artigo destes e o Miguel Esteves Cardoso será admitido como Confrade na Confraria do Visconde !!!



Mais uma vitória de Braga

Braga é mesmo uma cidade superior. Na semana passada escrevi sobre ela e sobre o sporting dela e nunca tive tantas reacções. Por uma só coluna recebi mais comentários e citações do que por todas as crónicas que aqui escrevi desde o primerio número da J.
Quero agradecer, sobretudo, ao magnífico site que é o superbraga.com. É um site de fanáticos
do Sporting de Braga, que está em número 1 e, por conseguinte, numa posição de mandar fazer
amor a concorrência. Mas não. Eles sabem que eu sou um lisboeta e benfiquista genético e incurável e que, ainda por cima, tenho uma panca severa pelo Porto e uma admiração-quase-orgulho
pelo FCP.
Sabem que eu queria que o benfica ganhasse o campeonato, graças ao treinador que roubámos ao Braga. E, no entanto, tiveram a generosidade e a superioridade civilizacional de agradecer o meu elogio e de entendê-lo no espiríto em que foi feito.
Desde quando é que um benfiquista, portista ou sportinguista faria isto? Nunca. Os bracarenses são diferentes. São aristocratas. Aceitam amavelmente a admiração do povo enganado e distante.
Se calhar, são, juntamente com os alentejanos litorais, os únicos portugueses que não tratam como estrangeiros os portugueses que têm o azar de não ser de lá. Mal se chega a Braga, vem logo o abraço do "Bem-vindo ao clube!" Não é o clube de Braga. É o clube dos portugueses.
Uma pessoa diz, quase como se pedisse desculpa, que é do Benfica. Eles respondem: " Não te preocupes, que não levamos a mal. Se calhar, nasceste lá, em Lisboa? E a escolha era seres do Sporting ou do Benfica? Imagino a pressão! Fizeste bem em escolher o Benfica! E o Sporting também é um clube porreiro, apesar de queque. É pena não seres do Porto: O Porto é mesmo bom."
O Sporting de Braga vendeu o treinador genial e faz questão de ficar á frente do clube cem mil vezes
mais rico que o comprou. Dirão que é uma questão de tempo. Pois sim, porque o dinheiro significa
jogadores muito melhores. Mas, à partida quando mais interessa, o Sporting de Braga já ganhou este Campeonato.
As respostas no superbraga.com - no qual me registei, com o meu e-mail verdadeiro, para poder agradecer- são um exemplo para os adeptos dos outros grandes clubes do mundo. Mostram que se pode ser incondicional e fanático sem ser malcriado ou cego ou agressivo. Mostram que a superioridae genuína não é rejeitar nem desconfiar dos elogios alheios- mas agradecê-los com generosa condescendência, do género "Olha, este pobre desgraçado, preso a outro clube por razões meramente geográficas ou genéticas, ainda tem a clarividência de reconhecer que o Sporting de Braga é um grande clube e a intelegência de compreender que tal se deve a Braga ser uma grande cidade."
Como benfiquista, há muito que me magoa nesta atitude. Pensava que éramos nós os mais inclusivos. Se fosse sportinguista, também me magoaria, pensando que éramos os maiores snobs. Se fosse portista, já sabia (com o mesmo medo e respeito) que Braga e o Sporting de Braga são mesmo assim.
Superiores. Gentis. Felizes. Bem-educados. Sinceros. Como português, tiro-lhes o chapéu. E, com toda a sinceridade, rendo-me a eles.
Mais do que isto, não posso dizer. Mas já disse. Exijo que o Benfica nomeie uma equipa de investigadores que descubra (inutilmente, de certeza) o que eles têm e nós nunca teremos. Serem bracarenses. É uma das poucas coisas que não se podem fingir: ou se é ou não se é. Eles são. Nós não. Paciência.”

Miguel Esteves Cardoso, Revista “J” do Jornal O JOGO, dia 11 de Outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Braga...

Braga é fantástico. Às vezes, fica-se com a impressão que é Braga que deveria mandar neste país. Veio do Sporting de Braga o treinador que está a salvar o Benfica. Mas, mesmo sem esse treinador, o Sporting de Braga está em primeiro lugar.

Acho que o Sporting de Braga é o único clube de que todos os portugueses gostam secretamente. Os benfiquistas acham que eles são do Benfica; os do Sporting apontam para o nome e os portistas, por muito que lhes custe, são nortenhos e não se pode ser nortenho sem gostar de Braga.
Toda a gente tem medo - e com razão - do Sporting de Braga. Há a mania de engraçar com a Académica de Coimbra ou com o Belenenses, mas são amores fáceis, que não fazem medo nem potenciam tragédias.
O Sporting de Braga não se presta a essas condescendências simpáticas. É por ser temido que o admiramos. Mais do que genica, tem brio. É uma atitude com que se nasce; não se pode ensinar nem aprender.
A primeira vez que fui a Braga já estava à espera de encontrar uma cidade grande e diferente de todas as outras. Mas fiquei siderado. Acho que Braga se dá a conhecer a quem lá entra, sem receios ou desejos de impressionar.
A primeira impressão foi a modernidade de Braga - pareceu-me Portugal, mas no futuro. E num futuro feliz. O Porto e Lisboa são mais provincianos do que Braga; tem mais complexos; tem mais manias; tem mais questiúnculas por resolver e mais coisas para provar.
Braga fez-me lembrar Milão. É verdade. Eu adoro Milão mas Milão é (mais ou menos) Italiano, enquanto Braga é descaradamente português. Havia muitas motas; muitas luzes; muita alegria; muito à-vontade.
Lisboa e Porto degladiam-se; confrontam-se; definem-se por oposição uma à outra. Braga está-se nas tintas. E Coimbra - que é outra cidade feliz de Portugal - também é muito gira, mas não tem o poderio e a prosperidade de Braga.
Em Braga, ninguém está preocupado com a afirmação de Braga em Portugal ou no mundo. Braga já era e Braga continua a ser. Sem ir a Roma, só em Braga se compreende o sentido da palavra "Augusta". Em contrapartida, na Rua Augusta, em Lisboa, não há boa vontade que chegue para nos convencer que o adjectivo tenha proveniência romana. A Rua Augusta é "augusta" como a Avenida da Liberdade é da "liberdade" e a Avenida dos Aliados é dos "aliados", mas Braga é augusta no sentido original, conferido pelo próprio Augusto.
Em Braga, a questão de se "comer bem" ou "comer mal" não existe. Come-se. E, para se comer, não pode ser mal. Pronto. Em Lisboa, por muito bem que se conheçam os poucos bons restaurantes, está-se sempre à espera de uma desilusãozinha.
No Porto, apesar de ser difícil, ainda se consegue arranjar alguma ansiedade de se ser mal servido; de ir a um restaurante desconhecido e, por um cósmico azar, comer menos do que bem. Em Braga isso é impossível. O problema da ansiedade não existe. Braga tem tudo. Passa bem sem nós. Mas nós é que não passamos sem ela, porque os bracarenses ensinam-nos a não perder tempo a medir o comprimento das pilinhas uns dos outros ou a arranjar termómetros de portuguesismo ou de autenticidade.
É por isso que o Sporting de Braga está à frente. Não é por se chamar Sporting. Não é por ter cedido o treinador ao Benfica. O Benfica ganhou muito com isso. Mas é o Sporting de Braga que está à frente.
É por ser de Braga. É uma coisa que, infelizmente, nem todos nós podemos ser.
Fique então apenas a gentileza de ficar aqui dito de ter pena de não ser.


Miguel Esteves Cardoso, “Passe de Letra”, Revista J, 4 Outubro 2009


Carlos